sábado, 27 de fevereiro de 2010

não sou humano, sou gay!

Portugal não tem falta de sangue. Nem de preconceitos. Pelo menos foi o que me pareceu depois de ouvir os depoimentos de Gabriel Olim. “Se diz que é homossexual, a avaliação está feita por si”, refere o presidente do Instituto Português do Sangue. Por outras palavras, sou homossexual, logo tenho comportamentos de risco.

Não é que estagnámos nos anos 80 e 2009 está apenas no calendário do resto do mundo? Sim, porque no ano anterior as estatísticas demonstraram que 57,6% dos heterossexuais seriam portadores do vírus HIV, contra apenas 16,8% dos homo/bissexuais.

Há que entender que não existem “grupos de risco”, mas comportamentos de risco, como bem defende o Bastonário da Ordem dos Médicos. Um homem heterossexual que tenha vários parceiros está a ter um comportamento de risco. Um homossexual, praticante de sexo seguro, não. E vice-versa.

Terá um homossexual o sangue estragado, sujo ou doente? O seu acto é nobre, mas não a sua linhagem sanguínea? Quais os argumentos científicos que o comprovam?

E Olim acrescenta: “Dar sangue não é um direito. O que interessa é a tranquilidade e a segurança de quem vai receber o sangue. E os portugueses têm preconceitos.”

Já percebi as filas nos hospitais: o ser humano tem prazer em estar doente. Se ter preconceito infecta o sangue, metade da população mundial já deveria ter infectado a outra metade. Parem com as doações, que nenhum sangue é viável!

Atenção, também sou a favor da segurança. Um dia também poderei precisar de sangue. Mas é para isso que servem os testes. Ou afinal os médicos não confiam na Ciência?

Nícia Cruz

1 comentário:

Anónimo disse...

Obviamente. A maior parte dos estudos que são publicados revelam que não só o grupo dos heterossexuais é o mais afectado como, dentro desse grupo, as mulheres são o principal foco de contágio.

Desse modo, não percebo porque insistem em criar publicidade específica para os homossexuais (ainda por cima chata e pouco criativa). Este país tem muito que crescer em termos de mentalidades se bem que, acredito, caminhamos para o bom sentido.

Muito bem Nícia, mais uma crónica original e interessante ;)

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