sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

"Definir...

é limitar."

Oscar Wilde

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Língua Portuguesa - a transformação

Este tema gerou polémica quando dei a minha opinião. Sou contra.

Quero dar-vos as minhas razões para que compreendam porque tenho esta opinião. Digo, desde já, que não pretendo ofender ninguém e que respeito a opinião de todos. Espero que façam o mesmo em relação a mim.

A primeira razão por ser contra a este mudança é por ser uma amante da Língua Portuguesa. Aliás, sou amante de todas as línguas pois considero que cada uma tem algo de especial dentro de si.

Cada língua transporta uma cultura e um modo de estar no mundo. Cada modificação nessa língua tira-lhe uma parte da sua essência.

Concordo quando dizem que uma língua precisa de evoluir para ser saudável. O que é imutável é triste, por vezes antiquado e muitas vezes acaba por transmitir aquilo que se foi e não aquilo que se é.

Contudo transformar uma língua numa variação já existente, ou ainda mais similar à já existente, custa-me a aceitar.

Na evolução da língua as consoantes mudas serão eliminadas, baptismo passará a batismo (tal como já se usa no Português do Brasil), assim como alguns acentos, dêem passa a escrever-se deem, eliminam-se hífens e outras tantas transformações.

Assim, parece-me que o Português de Portugal será quase uma imitação do Português do Brasil. A única coisa de que não gosto nesta transformação é a perda de identidade.

Não é por não gostar do Brasil, dos brasileiros ou da sua cultura. Se eles começaram com o nosso antigo português e o transformaram num língua própria, mais adequado à sua (repito) cultura e à sua própria identidade porque iremos nós fugir à nossa?

A diversidade é bela e uma fonte enorme de conhecimentos (ônibus é bem mais bonito do que autocarro e descarga bem mais agradável do que autoclismo). Brincar com as línguas é engraçado, é por isso que ler livros na sua língua original é bem mais divertido do que aqueles que são traduzidos.

Fala-se também em traduções do Português de Portugal para o Português do Brasil. Concordo! Existem muitos vocábulos, como já referi no parágrafo anterior, que diferem nas duas variações e que, uma ou outra vez, nos deixam um pouco confusos.

No entanto, e pelo que tenho conhecimento, esse tipo de traduções não são muito vulgares. Pois, no seu sentido mais básico, o Português de Portugal e o Português do Brasil são a mesma língua: o Português! Assim como acontece com o Inglês: existe o britânico, o americano, o australiano...cada um com as suas características, cada um identificando a nação em que é utilizado.

Jamais teria coragem de dizer que, pelas diferenciações existentes na escrita, que uma língua seja mais pobre que a outra. Cada uma teve as suas influências e mudou/evoluiu da forma mais adequada a elas.

"Empobrecer" uma língua, tornando-a mais parecida com outra, não é tirar mérito à segunda. É apenas tirar carácter à primeira. Vou dar um exemplo para não parecer que estou a ser injusta, rude, ou xenofobista: suponhamos que o Português de Portugal é um campo onde se semeiam batatas e cebolas e que o Português do Brasil é um campo onde se semeiam apenas batatas (e isto somente porque, iremos admitir, não gostam de cebolas). Decide-se então que, afinal, o Português de Portugal também não gosta de cebolas. Obviamente eu teria saudades das minhas saladas. :P

Por outras palavras: se a mudança fosse realizada em vocábulos (ou alimentos) em que a diferença não seria muito notada (como a beterraba, por exemplo, ou na côr que passou para cor) eu não me sentiria tão...reticente à mudança.

Mudar os hábitos de escrita é muito difícil para mim (e imagino que para muita gente). Requer uma nova aprendizagem (acho até que ficarei confusa e acabarei por não saber qual seria afinal a forma correcta de se escrever determinada palavra), requer que dê os erros da minha infância para escrever correcto.

É esta ideia que acho absurda, ter de desaprender para poder aprender. Faz-me pensar que estão a tornar a língua mais simples para que as crianças das futuras gerações não tenham de se preocupar se se esqueceram, ou não, de pôr acentos ou não terem de pensar se hoje é com 'h' ou sem 'h', entre outras hipóteses. Haverá um maior desmazelo na relação que temos com a língua, creio. E acho isso uma pena.

Na verdade, já se assiste a esse fenómeno nas conversações online e nas mensagens de telemóvel. Isto deve ser combatido! Não falo em abreviaturas, pois essas apenas nos facilitam a vida, mas nos acrescentos de letras onde estas não existem.

Não quero por isso dizer que a Língua Portuguesa se tornará menos bela ou mais pobre. A linguagem simples, ou comum, assim como a erudita, tem o poder de encantar.

Qualidade não implica palavras "caras". Isso seria o mesmo que dizer que apenas as pessoas com um capital elevado são interessantes (usualmente, até é ao contrário).

Temos imensos exemplos disso: Cesário Verde, Sophia de Mello Breyner e, sim, Mia Couto.

Mia Couto é um excelente exemplo: ele brinca com as palavras de uma forma extraordinária tornando os seus contos únicos e especiais.

Não é o português a que estou habituada, mas uma variação, que eu também não gostaria que fosse modificada. Digo o mesmo do Português do Brasil, apesar de quando leio um livro nessa variação achar estranho e me parecer que estou a ler um português mal escrito (lá está, estou habituada a outros acentos e a escrever as letras mudas) não é por isso que a recrimino.

Nunca deixei de ver um filme só porque as suas legendas estão em Português do Brasil, na maior parte das vezes até brinco com a situação. E, a maioria dos filmes que vejo até estão mesmo legendados em Português do Brasil. Quanto aos livros evito por me fazer confusão.

Bem, tudo isto para dizer que cada língua é uma riqueza e as diferenças podem sempre ser ultrapassadas: tanto pelos dicionários, como pelo contexto em que os vocábulos são usados. Se tivermos sorte, podemos pedir ajuda a um amigo para nos "traduzir" a palavra.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

o sonho

Tem-se um sonho
E com ele nasce a esperança
Sonha-se
E a vida deixa de ser feliz

Tem-se um sonho
E luta-se
Discursos e persuações
Mas não chegam...

Vão-se buscar as garras
O ódio, as armas,
A nossa última carta

Chega-se lá finalmente
Nesse último suspiro
Na brasa já a transformar-se...
Em cinza.

Mas a vida não.
A vida é arco-íris
Perfume de borboletas irrequietas
E ése feliz novamente

Com o coração meio aberto,
Meio despedaçado,
Quase curado

E aí,
Volta-se a sonhar

Tem-se um sonho
E com ele nasce a esperança...

Dezembro 2007

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

afectos

Vem do sentimento...
Dado e recebido!
É som! É silêncio...
É escrito. É lido. É dito.
Palavras ou símbolos.
Olhares e não-olhares...
Risos, lágrimas...sorrisos, gritos!
Memórias. Pensamentos. Imagens.
Rajadas de vida!
Uma flor...um pôr do sol...um luar...
Um beijo. Abraços, apertos de mão!
Um toque... Uma memória... Uma fotografia...
Um desenho. Um presente.
Um "olá!", um "como estás?", um "boa sorte!"
Um "bom dia!", um "boa noite!", um "bons sonhos..."
Uma presença.
Sinceridade.
Um acto vindo do coração!...

Escrito há 6 anos atrás para um concurso de poesia na ESM (fiquei em 2.º lugar)

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