terça-feira, 8 de setembro de 2009

última vez

"Na última vez que caíres
Não te poderás levantar."
Foi escrito pelo teu primeiro grito
Na vida que irás amar.

Sonharás de noite em dia
Pelo duvidoso milagre
O desejo a ferver-te no corpo,
O medo querendo-te a vida,
A esperança, a alma, a alegria
No seu cheiro podre e acre

És o impossível
Com um impossível dentro de ti
O coração bate demasiado forte
Sempre que te lembras da Morte

Queres chorar
E aproveitar cada momento
Tudo parece pouco
Num destino com certo tormento

Queres parar,
Mas já não está nas tuas mãos
O teu pensamento controla-te
Custa-te a respirar

Transpiras e tremes
A tua alma grita
A tua boca geme
"Na última vez que caíres
Não te poderás levantar"...

Inspirada na canção do Foge Foge Bandido, Ainda pode Descer.

Excerto:

(...)
estive há dez minutos atrás da varanda
do meu quinto andar,
a observar a cúpula invisível entre o
céu e o enorme lego de betão
e a sentir-me um inquilino passageiro
desta pensão de uma estrela
perdida na imensa cidade negra a que
damos o nome de universo.
curiosamente parece que é o único
sítio que temos para passar a longa
noite que nos espera.
e é aí que eu saio para apanhar a
frequência.
como que a comer um ponto
e a cagar um verso
no meu prisma, a encaixar,
provavelmente no de outros feito um
filósofo de merda.
mas a vida é isso mesmo, um monte de
gente a fazer de conta que se entende
e ninguém sabe dizer o que viveu.
e por isso nos pedem que caminhemos
alegres para o precipício, sem
questionar,
porque estaremos sempre longe. mas
longe rapidamente fica perto
e perto rapidamente passa por nós. eu
não quero mandar-te para baixo,
mas eu seu que me entendes, tu também
tens medo de morrer,
toda a gente tem. só que normalmente
evocamos nomes de problemas
para nos convencermos que estamos
ocupados a resolver uma situação
importante
quando não tem importância nenhuma.
entretanto o tapete rola
e nós irritamo-nos com a
inevitabilidade, e nos nossos sonhos
dizemos:
-torna-me imortal! torna-me imortal!
eu não vou aguentar deixar de existir!
e é aí que eu entro para sair da
frequência, seduzir-te com os meus
sonhos,
tu não vês como empreendo? e como eu
mais um milhão de sonhadores leva com
ele muitos braços de outros,
acéfalos, na lotaria dos ideais,
descrentes, beijando o número do
bilhete.
mas quero dizer-te que a viagem é tua,
e eu não quero empurrar-te à força para a rua.
se eu falhar eu vou passar de deus a
carrasco, embalsamado e metido dentro
de um frasco,
para te lembrares da mentira, mas a
verdade é que ganhamos sempre.


Vídeo aqui e letra aqui.

Soube bem vê-lo no Noites Ritual, logo faço o upload do vídeo.

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