quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Página #5

Autor: Umberto Eco
Título da Obra: O Nome da Rosa
Tradutor: Maria Celeste Pinto
Ano: 1998 (22.ª edição)
Editora: Difel


O Nome da Rosa sempre foi um livro que ambicionei ler. Mesmo antes de, pelas aulas da faculdade, reconhecer Umberto Eco como semiólogo.

As primeiras obras que li de Eco relacionavam-se, claro, com a semiologia mas também com a estética: Obra Aberta, História da Beleza e a História do Feio. Devo acrescentar que me deu mais prazer esta última, isto porque, na sua obra, o autor nos explica a razão de sermos atraídos pela fealdade e morbidez.

Quanto ao O Nome da Rosa, ainda me encontro nas primeiras páginas para que possa fazer um juízo de valor. No entanto houve já um parágrafo que captou a minha atenção e em que eu considero importante reflectir:

Há só uma coisa que excita mais os animais do que o prazer, é a dor. Sob tortura vives como sob o efeito de ervas que provocam visões. Tudo o que ouviste contar, tudo o que leste, volta à tua mente como se fosses arrebatado não para o céu mas para o inferno. Sob tortura dizes não só aquilo que o inquisidor quer mas também aquilo que imaginas que lhe pode dar prazer, porque se estabelece uma ligação (esta sim, verdadeiramente diabólica) entre ti e ele... São coisas que conheço, Ubertino, também eu fiz parte daqueles grupos de homens que crêem produzir a verdade com o ferro incandescente. Pois bem, fica sabendo que a incandescência da verdade é de outra chama. Sob tortura, Bentivenga pode ter dito as mentiras mais absurdas, porque já não era ele que falava mas a sua luxúria, os demónios da sua alma. (p. 60 e 61)

Voltando aos tempos de faculdade (e ainda só passaram alguns meses), lembro-me de nas aulas de Gramática debatermo-nos sobre a Verdade, lendo excertos da obra de Platão, Aristóteles e Nietszche. A conclusão a que cheguei na altura é que a Verdade não existe, quando muito há diferentes versões de Verdade e todas elas estarão incompletas se não existirem em conjunto. Por essa razão a justiça nem sempre é execrável, basta pensar na história de Salomão.

Sob tortura, essa noção de Verdade torna-se ainda mais difusa. Se por um lado gostamos de inflingir dor, por outro não gostamos de a sentir na pele. Quando esta se torna insopurtável, até uma mentira auto-incriminatória nos parece uma boa solução. Já não atribuímos um valor aos factos: tudo é verossímel.

E para vocês o que é a verdade?

P.S. Se quiserem comentar de uma forma anónima e/ou privada deixei o meu endereço electrónico no meu perfil.


4 comentários:

Theriz disse...

lindo!
passando p retribuir o carinho!!
bjossssss

Fabrizia Spinelli disse...

Great book..I'm curios about it!
Take a look at my blog, and if you like it, follow me, I'll be waiting for you!

Cosa mi metto???

lena disse...

Olá Nicia.
Obrigado pelas visitas ao meu blog. Vim finalmente conhecer o seu. Gostei muito da informação que você publica é muito interessante. Fiquei mais um pouco neste post que fala de uma obra fantastica. Vi o filme mas não li o livro e já me disseram que o livro é melhor por isso tenho mesmo de ler.
Já estou a seguir.
Beijinhos grandes.

Unknown disse...

Olá lena, obrigada pelo comentário! Este blog está meio-morto. Mas sequiseres podes visitar o designing dreams que também é da minha autoria.

Beijinhos!

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