"Na última vez que caíres
Não te poderás levantar."
Foi escrito pelo teu primeiro grito
Na vida que irás amar.
Sonharás de noite em dia
Pelo duvidoso milagre
O desejo a ferver-te no corpo,
O medo querendo-te a vida,
A esperança, a alma, a alegria
No seu cheiro podre e acre
És o impossível
Com um impossível dentro de ti
O coração bate demasiado forte
Sempre que te lembras da Morte
Queres chorar
E aproveitar cada momento
Tudo parece pouco
Num destino com certo tormento
Queres parar,
Mas já não está nas tuas mãos
O teu pensamento controla-te
Custa-te a respirar
Transpiras e tremes
A tua alma grita
A tua boca geme
"Na última vez que caíres
Não te poderás levantar"...
Inspirada na canção do Foge Foge Bandido, Ainda pode Descer.
Excerto:
(...)
estive há dez minutos atrás da varanda
do meu quinto andar,
a observar a cúpula invisível entre o
céu e o enorme lego de betão
e a sentir-me um inquilino passageiro
desta pensão de uma estrela
perdida na imensa cidade negra a que
damos o nome de universo.
curiosamente parece que é o único
sítio que temos para passar a longa
noite que nos espera.
e é aí que eu saio para apanhar a
frequência.
como que a comer um ponto
e a cagar um verso
no meu prisma, a encaixar,
provavelmente no de outros feito um
filósofo de merda.
mas a vida é isso mesmo, um monte de
gente a fazer de conta que se entende
e ninguém sabe dizer o que viveu.
e por isso nos pedem que caminhemos
alegres para o precipício, sem
questionar,
porque estaremos sempre longe. mas
longe rapidamente fica perto
e perto rapidamente passa por nós. eu
não quero mandar-te para baixo,
mas eu seu que me entendes, tu também
tens medo de morrer,
toda a gente tem. só que normalmente
evocamos nomes de problemas
para nos convencermos que estamos
ocupados a resolver uma situação
importante
quando não tem importância nenhuma.
entretanto o tapete rola
e nós irritamo-nos com a
inevitabilidade, e nos nossos sonhos
dizemos:
-torna-me imortal! torna-me imortal!
eu não vou aguentar deixar de existir!
e é aí que eu entro para sair da
frequência, seduzir-te com os meus
sonhos,
tu não vês como empreendo? e como eu
mais um milhão de sonhadores leva com
ele muitos braços de outros,
acéfalos, na lotaria dos ideais,
descrentes, beijando o número do
bilhete.
mas quero dizer-te que a viagem é tua,
e eu não quero empurrar-te à força para a rua.
se eu falhar eu vou passar de deus a
carrasco, embalsamado e metido dentro
de um frasco,
para te lembrares da mentira, mas a
verdade é que ganhamos sempre.
Vídeo aqui e letra aqui.
Soube bem vê-lo no Noites Ritual, logo faço o upload do vídeo.
Sem comentários:
Enviar um comentário